Apelo do parlamentar com ascendência libanesa foi feito em audiência pública
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), do Senado Federal, debateu hoje, a pedido do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), a situação do Líbano e como o Brasil pode ajudá-lo. O requerimento do parlamentar sul-mato-grossense foi subscrito pelos senadores Esperidião Amin (PP-SC) e Kátia Abreu (PP-TO), presidente da CRE. Durante a audiência, após apresentações de autoridades e convidados, em vídeo gravado, o senador Nelsinho Trad que, se encontrava retornando dos Estados Unidos para o Brasil, fez um apelo ao Itamaraty, para elaborar um observatório da ajuda humanitária ao Líbano, incluindo a coleta de informações de grupos e associações não governamentais. “Apelamos às autoridades diplomáticas brasileiras para que atuem pela pacificação no Líbano”, disse o senador Nelsinho Trad.
Após as discussões, a presidente da Comissão de Relações Exteriores, senadora Kátia Abreu (PP-TO), sugeriu a criação de grupo de trabalho para dar continuidade a esse diálogo sobre os conflitos e desafios atuais do Líbano. O senador Esperidião Amim foi indicado para coordenação e o senador Nelsinho Trad para vice. Os senadores Simone Tebet (MDB-MS), Tasso Jereissat (PSDB-CE) e Chico Rodrigues (DEM-RR) também foram sugeridos para formação do colegiado.
O Líbano, segundo o senador Nelsinho Trad, tem relevância estratégica ao Oriente Médio e ao Brasil. Cerca de dez milhões de descendentes de libaneses vivem aqui, número maior do que a população residente no Líbano. E desde as explosões em 4 de agosto de 2020, a situação no país se agrava e ameaça ser pior do que a decorrente da guerra civil que o assolou entre 1975 e 1990. “O país viu seu PIB (Produto Interno Bruto) cair 25%, em 2020 e a inflação subir 88%, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional). Oitenta por cento do que os libaneses consomem vêm de fora. O problema é que a moeda local, a lira, desvalorizou-se 85% desde o ano passado. Hoje, 100% da população depende, em algum nível, de ajuda humanitária para viver, segundo estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas)”, destacou o senador Nelsinho Trad.
Para o diretor da Agência Brasileira de Cooperação, embaixador Ruy Pereira, é possível contribuir para elaboração do observatório. “Nós estamos prontos a discutir, examinar quais seriam as informações desejáveis para que pudéssemos estruturar esse observatório que, aliás, devo dizer, poderíamos estender ao conjunto da assistência humanitária brasileira”, respondeu Ruy Pereira.
Segundo o embaixador Ruy, o Brasil começará a enviar quatro mil toneladas de arroz da Companhia Nacional de Abastecimento ao Líbano no próximo mês. “A primeira remessa deverá partir do Porto do Rio Grande para o Porto de Beirute em 30 de outubro, sendo que as quatro mil toneladas deverão estar embarcadas, todas, até o final do mês de dezembro.”
Os libaneses, de acordo com o embaixador também receberam recursos financeiros. “Além disso, a ABC (Agência Brasileira de Cooperação) doou, recentemente, 200 mil dólares para a aquisição, em parceria com o Programa Mundial de Alimentos, de ventiladores pulmonares, purificadores de água com painéis solares e kits voltaicos de tecnologia e fabricação brasileira.”
O diretor da ABC anunciou também o envio de dois kits adicionais de medicamentos e insumos de emergência em saúde que irão atender a 1.500 pessoas/mês. As doações são do Ministério da Saúde brasileiro. Também anunciou três projetos de cooperação humanitária que a ABC vai implementar em outubro. Tratam-se de parcerias com a Universidade Americana de Beirute e os governos do Brasil e do Líbano: prevenção de incêndios e gestão de riscos e desastres; traumatologia e ortopedia e gestão de resíduos tóxicos em emergências.
Participaram da audiência: o pesquisador de Harvard e senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Hussein Kalout; a encarregada de Negócios da República do Líbano para o Brasil, Carla Jazzar; o embaixador do Brasil no Líbano, Hermano Telles Ribeiro, o diretor da Agência Brasileira de Cooperação – ABC, embaixador Ruy Pereira; e o jornalista e comentarista de política Guga Chacra.